Política

Câmara ignora Senado e articula para ter a palavra final no projeto de desoneração da folha

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A Câmara dos Deputados fez uma articulação nesta terça-feira, 29, para ter a palavra final sobre as alterações que serão feitas no projeto de lei que prevê a prorrogação da desoneração da folha de pagamento para 17 setores. Os deputados aprovaram a urgência para a tramitação de uma proposta que é de autoria do deputado Ricardo Ayres (Republicanos-TO), em vez de apreciarem o texto que veio do Senado.

Na prática, os deputados anexaram o projeto do Senado no PL original da Câmara que trata sobre o mesmo tema. Por meio deste mecanismo, a matéria, que sofrerá alterações, passará pela apreciação dos senadores e depois retornará à análise da Casa comandada pelo presidente Arthur Lira (PP-AL). Se tivesse sido votado o PL de autoria do Senado, a Câmara faria mudanças, mas a palavra final seria dos senadores.

“A matéria que veio do Senado inclui os benefícios (aos municípios) e isso causa um impacto muito grande. Estamos pensando na Câmara no sentido de aprovar o meu projeto que é exatamente só a prorrogação do que estava estabelecido, e aqui a relatora (Any Ortiz) fica à vontade de conciliação no seu relatório que possa escalonar esse benefício”, disse Ayres ao Estadão/Broadcast.

“O meu PL tem o do Senado em apenso (anexo), mas o meu é o final, porque foi iniciado aqui na Câmara. Apreciando em cima do meu, e é o que espero, mantenho as mesmas regras, mas vai dar para relatora a condição de alterar, voltar pro Senado, e depois para Câmara”, acrescentou o deputado.

De acordo com fontes ouvidas pelo Estadão/Broadcast, os deputados tinham receio de que o Senado revertesse as alterações feitas pela Câmara, especialmente no que envolve a emenda que reduz a contribuição previdenciária das prefeituras. Neste caso, o texto não poderia voltar para análise da Câmara e iria direto para sanção do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

O projeto de lei da desoneração aprovado pelo Senado garante até 2027 às empresas dos 17 setores beneficiados pagarem alíquotas de 1% a 4,5% sobre a receita bruta, em vez de 20% sobre a folha de salários. O texto traz ainda uma emenda, vista como um “jabuti”, que prevê a redução da contribuição social, de 20% para 8%, sobre a folha de pagamento de cidades com até 142,6 mil habitantes. Nas contas da Confederação Nacional dos Municípios (CNM), essa proposta beneficiaria 5.367 municípios, com impacto anual de R$ 11 bilhões sobre a Previdência.

Os deputados, no entanto, criticaram a proposta e querem substituir o critério populacional por um indicador baseado no PIB per capita ou no Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) de cada município. O benefício também seria feito por escalonamento. O modelo ainda está sendo definido, e o relatório final será apresentado amanhã pela relatora Any Ortiz (Cidadania-RS).

O líder do União Brasil, deputado Elmar Nascimento (União-BA), sugeriu uma emenda que prevê que o benefício seja com base no PIB per capita, com redução escalonada da alíquota de contribuição previdenciária. A sugestão é baseada em um projeto de lei apresentado pelo líder do governo no Senado, Jaques Wagner (PT-BA), em 2021.

Pelo texto, seriam criadas cinco faixas, com alíquotas entre 8% e 18%. Nesse caso, todas as cidades seriam beneficiadas – mesmo as que possuem regimes próprios contratam funcionários terceirizados ou comissionados vinculados ao INSS. O impacto calculado pela CNM é de R$ 7,2 bilhões anuais.

*FOLHAPRESS

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