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Navio carregado de grãos deixa Ucrânia e desafia bloqueio russo

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Um navio com grãos partiu nesta quarta (16) de Odessa, principal porto da Ucrânia, pela primeira vez desde que Vladimir Putin deixou o pacto que permitia o escoamento da produção do país pelo mar Negro.

O desafio é um teste da rota marítima proposta por Kiev aos navios que estavam em seus portos quando a Rússia suspendeu a participação no arranjo que garantia a segurança do trânsito na região, há um mês.

Desde então, Moscou passou a bombardear portos ucranianos, como fez na madrugada desta quarta, com um ataque de drones kamikaze contra Izmail, instalação no rio Danúbio a meros 200 metros da Romênia, integrante da Otan, a aliança militar ocidental, e da União Europeia. Um depósito de grãos foi destruído.

Além disso, forças russas passaram a patrulhar áreas ao sul do mar, longe da base naval em Sebastopol, na Crimeia anexada. No domingo (13), um barco de Moscou disparou tiros de advertência e abordou um cargueiro neutro, com bandeira de Palau, que rumava ao Danúbio. Após inspeção, o navio foi liberado.

Na mão inversa, a Ucrânia passou a empregar sua armada de drones aquáticos. Atingiu um navio de guerra e um petroleiro russos na semana passada e ameaça fazer um bloqueio assimétrico dos seis portos de Moscou no mar Negro a partir do dia 23. Ao mesmo tempo, anunciou a criação de um corredor marítimo, embora não tenha Marinha operante para proteger os navios que saem de seus portos.

Também nesta quarta, o Serviço de Segurança da Ucrânia divulgou pela primeira vez imagens claras de seus novos drones aquáticos, apelidados de Sea Baby (bebê do mar, em inglês). Segundo o órgão, eles podem levar até 850 kg de explosivos, mais do que o dobro do estimado anteriormente.

O Joseph Schulte, embarcação de bandeira de Hong Kong, deixou Odessa às 8h13 desta manhã (2h13 em Brasília) e tem previsão de chegada ao porto turco de Ambarli, em Istambul, às 10h (4h em Brasília) desta quinta (17), de acordo com dados do site de monitoramento marítimo Marine Traffic.

A interrupção da exportação de grãos devido ao fim do acordo celebrado com mediação da ONU e da Turquia em julho de 2022 abriu uma nova frente na guerra, já que desde o afundamento do cruzador russo Moskva, em abril do ano passado, não havia movimentação militar tão relevante na área. Além disso, ameaça deixar o preço de produtos como o trigo até 20% mais caros neste ano, segundo o FMI.

Putin já disse que retomaria o acordo caso os países ocidentais cumprissem a promessa de facilitar a exportação de sua produção agrícola, que teve de driblar sanções que tiraram frotas de navios à sua disposição porque seguradoras deixaram de cobrir suas operações para não serem punidas.

A Turquia afirma que a posição russa é correta e tem de ser ouvida pelo Ocidente, mas até aqui não conseguiu avançar em um novo arranjo. Os ataques de Moscou contra portos também complicam a equação, que na prática ajuda a asfixiar a combalida economia da Ucrânia, cujo Produto Interno Bruto desabou cerca de 30% no primeiro ano da invasão russa, iniciada no final de fevereiro de 2022.

A Rússia, por sua vez, teme que ataques no mar Negro afetem sua exportação de petróleo. Apenas pelo porto de Novorrosisk passam anualmente 2% da produção mundial do produto. A economia russa depende dessas receitas, que vêm caindo com a desaceleração chinesa, e a depreciação do rublo obrigou o Banco Central do país a subir a taxa de juros de 8,5% para 12% nesta terça-feira (15).

 

*FOLHAPRESS

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