Política

Empresário diz à PF que reagiu a ofensas e ‘afastou’ filho de Moraes, afirma advogado

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A defesa de Roberto Mantovani Filho, 71, suspeito de hostilizar o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes e sua família, diz que o empresário relatou em depoimento à Polícia Federal nesta terça-feira (18) ter reagido a ofensas e “afastado” uma pessoa que seria filho do magistrado.

Segundo o advogado Ralph Tórtima Filho, porém, ele nega ter havido um empurrão ou agressão e afirma que agiu após sua esposa ter sido desrespeitada. Diz que não houve motivação política e que, em meio ao desentendimento, a família nem sabia se tratar de pessoas ligadas a Moraes.

O episódio aconteceu no aeroporto internacional de Roma, na Itália, na última sexta-feira (14). O ministro relatou ter sido chamado de “bandido”, “comunista” e “comprado” por um grupo e que seu filho -o advogado Alexandre Barci de Moraes, 27- sofreu uma agressão, fazendo com que os óculos caíssem no chão.

O assunto foi abordado no depoimento. “Ele nega que tenha havido o empurrão. Ele disse que em razão de ofensas que eram proferidas à sua esposa, ele afastou essa pessoa, que ele sequer sabia quem era, mas era uma pessoa que fazia ofensas bastante pesadas, muito desrespeitosas a sua mulher. Posteriormente, teria sido dito a eles se tratar do filho do ministro Alexandre de Moraes, mas é algo que não sei dizer se de fato é filho dele”, disse o advogado de Mantovani.

O empresário prestou depoimento por mais de duas horas, na manhã desta terça, em Piracicaba (interior de SP). Depois dele, a esposa, Andreia Munarão, também deu sua versão aos policiais.

O casal estava acompanhado em Roma de Alex Zanata Bignotto, seu genro, e de Giovanni Mantovani, seu filho. No domingo (16), Bignotto prestou depoimento por duas horas à PF e negou a acusação de ofensas ao ministro.

Segundo a defesa, a família chegou ao aeroporto da capital italiana, para embarque ao Brasil, cinco horas antes do voo e procurou uma sala VIP. Em um primeiro espaço, afirmou o advogado, o grupo foi informado que estava cheio. Assim, decidiram buscar outro.

Ele afirma que a família seguiu adiante e teria cruzado com Moraes e seus familiares enquanto buscavam outro local para ficar. Nesse momento, uma das pessoas que acompanhavam o ministro teria entrado em atrito com Andreia, segundo a defesa da família.

De acordo com o advogado, Mantovani afirmou que houve um “entrevero” e que não houve contato com o ministro.

Andreia, em seu depoimento, afirmou que teria se queixado de um suposto privilégio de Moraes ao entrar na sala VIP do aeroporto, que estava lotada, segundo o site Metrópoles.

“Ela acreditou que o ministro tivesse tido algum privilégio e estivesse ingressado nessa sala, nos termos dela, como se estivesse furando a fila. Nesse momento que ela se aproxima um pouco, havia pessoas que hostilizavam o ministro, e ela diz o seguinte: ‘Para político tem lugar, para gente com criança, idoso, não tem lugar. Que privilégio é esse?’ Ela externou seu inconformismo em relação a esse fato”, disse o advogado após o depoimento.

Já Mantovani afirmou não ter proferido ofensa a Moraes.

“O senhor Roberto deixou claro que jamais proferiu em momento algum qualquer ofensa direcionada ao ministro. Realmente, reconheceu que houve um entrevero com um jovem que estava ali no local e que esse jovem eles sequer sabiam quem era”, disse o defensor.

Segundo o advogado, Mantovani viu o ministro, comentou com a família que ele estava ali e viu que havia brasileiros filmando o magistrado. Em um segundo momento, ele e os familiares voltaram ao local.

“Eles retornam porque esse era o único corredor. Quando eles retornam, eles são novamente abordados por essa pessoa, que aparentemente, no sentir do senhor Roberto, os aguardava. E ele novamente veio com ofensas direcionadas a sua esposa.”

Ainda conforme o defensor, seu genro e seu filho apartam a situação e, só depois, é que seriam abordados pela Polícia Federal.

Moraes participou na Itália de um fórum internacional de direito realizado na Universidade de Siena. Ele compôs mesa no painel Justiça Constitucional e Democracia, da qual participou ainda o ministro André Ramos Tavares, integrante também do TSE (Tribunal Superior Eleitoral).

Na área de embarque do aeroporto internacional de Roma, os responsáveis pelas hostilidades se aproximaram e dirigiram ofensas ao ministro, segundo investigadores.

Também nesta terça, a Polícia Federal cumpriu mandado de busca e apreensão na residência do casal Roberto Mantovani Filho e Andreia Munarão.

A defesa se queixou de desproporcionalidade na ação. “Quando muito tivesse havido alguma ofensa, e não houve, nós estaríamos falando de um crime contra honra cuja a punição é insignificante dentro do Código Penal, o que talvez não justificasse tamanha desproporcionalidade de reação”, afirmou o advogado.

Mantovani é influente nos negócios, na política e no futebol de Santa Bárbara D’Oeste, município de 183 mil habitantes próximo de Campinas.

Na cidade natal, o empresário cujo nome passou a circular no noticiário nacional, é conhecido há décadas pela atuação como presidente do clube de futebol União Barbarense durante um período tido como áureo do time no fim da década de 1990 e começo dos anos 2000.

Pela atuação como empresário em uma empresa de bombas e acessórios, ele já recebeu diversas homenagens na Câmara Municipal. Além disso, tentou enveredar para a política ao se candidatar a prefeito da cidade em 2004, sem sucesso.

 

 

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